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Pelvic Care Blog

A Endometriose e eu - Um relato pessoal


Hoje trago-vos mais um relato pessoal. Falaremos um pouco sobre a Endometriose.

A S. (pediu para não ser identificada) sofre desta patologia faz bastantes anos. Apesar de ter sido diagnosticada a apenas 6 anos, já sofre deste a adolescência. Pediu que a sua história fosse partilhada pois quer que as mulheres saibam que existe ajuda. Que a fisioterapia ajuda! E que por vezes basta só procurar por profissionais competentes que as oiçam.

Obrigada S. por este testemunho tão sentido. Acredito que irá ser benéfico a tantas mulheres.

 

en·do·me·tri·o·se |ó| (endométrio + -ose)

substantivo feminino

1. [Medicina] Localização anormal do endométrio ou mucosa uterina.

2. [Medicina] Doença ginecológica causada por essa patologia.

Esta palavra foi introduzida no meu vocabulário, vida e historial médico faz cerca de 6 anos.

Eu comecei meu período quando tinha 13 anos. Durante todo o mês eu temia "aquela altura"... O meu período. A dor excruciante, os vômitos, muito fluxo, faltar à escola pois nem me conseguia mexer... Sentia-me deprimida. Mas isto ia ser sempre assim? Como me podiam dizer que esta dor incapacitante era normal. Estavam loucos, só podia!

- Estás menstruada, então é para doer! Todas passamos pelo mesmo! Mulher sofre...

E convenci-me disso. Mas, olhando para trás, era muito mais que um período normal, que uma dor típica.​

Quando fiquei noiva do meu marido, decidi tomar a pílula. Sentia-me melhor, com menos dor, fluxo mais regular e bem mais activa durante essa fase. E durante 8 anos, tudo estava... Bem.

Então decidimos que era hora formarmos uma familia. Deixei a pílula e engravidei dois meses depois. Gravidez, parto e bebé. Tudo correu às mil maravilhas. Eu sentia-me incrível durante a gravidez. Amamentei a minha filha até que ela tinha cerca de 14 meses e não tomei a pílula durante este tempo. As menstruações não eram assim tão más naquele altura, e agora sei, pois a endometriose ainda não tinha estava fora do controle... Sendo ainda a palavra de ordem.

Após o desmame 6 meses passaram, foi quando comecei a sentir aquela dor intensa e tão familiar mensalmente. A primeira vez foi quando eu estava sentada numa aula da universidade. Eu senti náuseas, tive uma dor abdominal intensa, comecei a suar, senti-me tão mal que me deitei no chão da casa de banho da faculdade... Não me julguem! Naquele momento não me importava com o quão nojento o chão estava. Eu estava a sofrer muito e quase desmaiei. Enrolada na posição fetal, eu liguei desesperada para o meu marido.

Conforme o tempo passava, essa dor continuava - às vezes acontecia exatamente uma semana após o meu período ou às vezes durante o meu período. Gostava de poder explicar exatamente como era essa dor, mas como podemos descrever algo tão pessoal?

Fui à minha ginecologista que me disse que provavelmente era um cisto no ovário e disse que se ainda me estivesse a incomodar num mês ou dois para voltar lá à consulta. Voltei um mês depois... Foi-me feito um ultra-som que mostrava vários "cistos" nos meus ovários (escusado será dizer que ela ficou chocada quando viu o ultra-som) e que eu precisava de cirurgia para os remover.

Dia da minha cirurgia. Se estava em pânico? Sim! Não dormi nada essa noite. Eram os meus ovários, o meu sistema reprodutor. E se o médico tivesse de tirar tudo? Eu ainda quero ser mãe. O meu pós operatório ainda é uma incógnita. Lembro-me de pedaços de conversa do meu médico com o meu marido enquanto eu, estava a tentar acordarda anestesia pós cirúrgica...

- “Ela tinha endometriose em ambos os ovários em vez de cistos, como se pensava inicialmente. Ela também tinha endometriomas nos intestinos e no interior da pélvis. Ela encontra-se na categoria de moderada a grave. "

Isso é tudo de que me lembro e isso era tudo que eu precisava ouvir.

Momento AH HA! Isso explica tudo.. Os períodos dolorosos, a dor mensal intensa, a razão pela qual engravidei logo depois de sair da pílula quando os endometriomas estavam mais secos, e agora porque não consigo voltar a ficar grávida.

Fomos muito abençoados por termos concebido nossa filha. Gostávamos de lhe dar o irmão que tanto pede e tentamos desde que ela tinha cerca de um ano e meio de idade. Mas... Abortos múltiplos. Vários momentos em que tive de regressar à toma da pílula. Tantos outros episódios de dor. Tumulto emocional. Não é fácil e não será, mas nos fomos muito abençoados por ter uma linda filha de 8 anos e meio. Eu também tenho sido muito abençoada. Neste meu caminho conheci tantas outras mulheres que também têm endometriose ou outros problemas que tiveram dor ou dificuldade em conceber, que me apoiam incondicionalmente. É maravilhoso ter apoio de amigas que tenham passado pelo mesmo ou semelhante. Como mulheres, podemos e devemos-nos apoiar umas às outras enquanto nos esforçamos para resolver esses problemas.

Agora... Conheci a "minha" Soraia faz agora 3 anos (como gostava de a levar para casa todos os dias). Foi um anjo que me foi colocado no meu caminho. E ela nem imagina o quanto lhe estou grata. Aprendi muito com ela. Ajudou-me a entender a importância da estabilização do meu core, como fortalecer o meu pavimento pélvico e técnicas para libertar as aderências e a sensação de "aperto" no meu abdómen ou o que fazer quando os meus músculos apresentam espasmos. Esse conhecimento ajudou-me muito - entender o que está a acontecer dentro do meu corpo.

Infelizmente, isso não corrige a endometriose, mas eu posso fazer coisas para me ajudar a viver em pleno e ter menos dor."

– S. J.

 

Se quiserem saber mais sobre esta patologia, aconselho a visitarem o site MulherEndo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose

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