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Obstipação, o que é?


A obstipação é um problema comum na nossa sociedade. É uma das queixas mais comuns nas minhas consultas. Afecta duas vezes mais as mulheres do que os homens, com mais incidência nas idades mais avançadas. A obstipação ou «prisão de ventre» é uma das queixas mais frequentes no Mundo desenvolvido Ocidental

Em condições normais, o intestino funciona sempre num mesmo horário, como por exemplo após uma das refeições principais (pequeno-almoço ou almoço), quando os movimentos intestinais são estimulados pelo reflexo do estômago ao receber os alimentos, ou de manhã mal nos levantamos, com o reflexo gastro-cólico.

Embora o ideal seja evacuar ao menos uma vez por dia, é considerado normal, o ideal seria evacuar sempre após as refeições principais.

Mas não é apenas o não evacuar que caracteriza a obstipação. Casos em que exista dificuldade ao evacuar, como por exemplo a chamada prisão de ventre, também está enquadrada no conceito de obstipação. O mau funcionamento intestinal pode ser caracterizado por fezes muito duras, muito pequenas, difíceis de serem evacuadas, ou pela sensação de esvaziamento incompleto (restaram fezes que não puderam ser evacuadas).

Como saber se eu tenho obstipação?

Considera-se obstipação quando, ao evacuar, acontecem uma ou mais das situações seguintes:

  • Esforço demasiado para evacuar;

  • Fezes muito duras ou em pedaços pequenos;

  • Sensação de evacuação incompleta;

  • Sensação de obstrução retal;

  • Necessidade de comprimir o abdómen;

  • Ajudar a evacuação com os dedos.

Quais as causas da obstipação?

Evitar evacuar em casas de banho públicas:

Uma das principais funções dos intestinos é a absorção de água e eletrólitos (sais minerais). Isso significa que, ao transitar por eles, a água que existe no bolo alimentar vai sendo absorvida durante o seu trajecto, secando-o progressivamente e transformando-o em fezes.

Sendo assim, quando evitamos evacuar (ou seja, "segurar") mantém-se as fezes presas dentro dos intestinos por mais tempo do que se deveria. O resultado é que elas ressecam mais do que o normal, dificultando a sua saída, causando aquela sensação de intestino preso.

Além do mais, inibir o desejo evacuatório acaba por diminuir a sensibilidade da ampola retal (a porção final do recto que serve de depósito final para as fezes que serão evacuadas). Com a sensibilidade da ampola retal diminuída fica mais difícil perceber a sensação de ampola cheia, ou seja, de que está na hora de evacuar. Sem perceber, as fezes ficam lá por mais tempo, paradas, e tornando cada vez mais difícil o acto evacuatório.

Reprimir o desejo de evacuar durante as viagens, ou quando está num outro lugar que não em casa, acaba por se tornando uma das maiores causas de obstipação, especialmente entre as mulheres que, por vergonha, acabam desregulando o funcionamento intestinal natural.

Dieta inadequada:

Como disse anteriormente, os intestinos absorvem a água do bolo alimentar que se transforma em fezes. Contudo, fezes ressecadas demais não se movem adequadamente, dificultando não só a evacuação, mas também o trânsito intestinal como um todo, favorecendo a distensão da ampola retal.

Para evitar o ressecamento fecal é fundamental que a dieta seja rica em fibras, em água e em gorduras de boa qualidade. Ingestão de fibras sem gordura ou água, não consegue transitar de maneira apropriada. Também é muito importante que o desejo de evacuar seja respeitado: reprimir esse desejo desregula o funcionamento intestinal normal e provoca ressecamento das fezes, e consequente dificuldade no trânsito intestinal e na evacuação.

Hemorróidas, fissuras e outros problemas que causam dor local:

Se existir dor na região anal, como fissuras anais ou hemorróidas, pode levar a que a mulher evite evacuar. Como mencionado, evitar a evacuação faz com que as fezes fiquem tempo demais no intestino e ressequem, dificultando ainda mais a sua saída, causando mais dor e iniciando um ciclo vicioso onde evacuar torna-se cada vez mais doloroso e complicado.

Anismo: Incoordenação dos músculos do pavimento pélvico.

Para evacuar eficazmente é necessário que a musculatura do pavimento pélvico esteja devidamente relaxada, e que os abdominais sejam contraídos moderadamente. No pavimento pélvico existem dois agrupamentos musculares que fecham o recto: Os esfíncteres anais, mais externos, e o músculo puborretal mais internamente.

É frequente encontrar mulheres cuja a causa da obstipação seja a incoordenação muscular, ou seja, mulheres que, para evacuar, relaxam os esfíncteres anais mas deixam os músculos do pavimento pélvico contraídos, dificultando ou até impossibilitando a evacuação. Esta situação de não relaxamento do músculo puborretal, dificulta a evacuação. Conhecer e aprender a contrair e relaxar de maneira apropriada os músculos normalmente é suficiente para resolver o problema.

Megacolon: Distensão e perda da sensibilidade da ampola retal

Chamamos ampola retal à porção terminal do recto que serve de depósito final para as fezes que serão evacuadas em breve. É uma região bastante sensível que, quando cheia, envia um sinal para o cérebro para que possamos escolher momento e local apropriados para evacuar.

Evitar a evacuação por longos períodos, vai diminuindo progressivamente a sensibilidade da ampola. Quando isso acontece, torna-se difícil perceber que a ampola está cheia, e as fezes acabam por ficar mais tempo paradas, ressecando e dificultando a evacuação.

Outro comportamento inadequado que acaba lesionando a ampola retal é forçar para evacuar (bloquear a respiração), ou contrair violentamente os abdominais no momento da evacuação ou mesmo comprimir o abdómen com as mãos. Estas manobras acabam por distender a ampola, tornando-a mais flácida e maior. Ou seja, formando uma ampola grande, ou megacolon.

O resultado é que, quando existe necessidade de evacuar, a ampola está laxa demais para permitir que a pressão interna necessária possa se propagar de maneira eficiente para expulsar as fezes.

Posicionamento errado ao evacuar:

O corpo humano foi configurado para defecar agachado. A posição em que adoptamos na sanita, bloqueia a passagem das fezes. Para evitar incontinência, o músculo puborretal comprime o recto quando estamos de pé ou sentados (ângulo de 90º). O recto comprimido evita que as excreções saiam em momentos impróprios.

De cócoras (ângulo de 60º), o recto fica totalmente relaxado, abrindo caminho fácil para o que vier. Dessa forma, o cólon esvazia-se rapidamente.

Ft. Soraia Coelho

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